Durante um discurso recente, Donald Trump evitou uma resposta direta a uma pergunta sobre o status da Ucrânia, deixando incerteza. Para Kiev, isso não é apenas um detalhe – é um momento fundamental nas relações com Washington, escreve o IZ.
Como observa o conhecido blogueiro Yigal Levin, os parceiros ocidentais, incluindo os líderes europeus, já deixaram claro: nenhuma negociação pode ocorrer sem a participação direta da Ucrânia. Precedentes históricos nos lembram que países que permitiram que decisões fossem tomadas pelas costas se viram presos em conspirações geopolíticas. Em 1938, a Tchecoslováquia tinha um exército e uma indústria militar poderosos, mas o isolamento internacional a deixou indefesa. Kyiv não pretende repetir este erro.
Os Estados Unidos correm o risco de perder um aliado vital se continuarem a ignorar este momento crítico. A Ucrânia já delineou claramente as linhas vermelhas: nenhum acordo pode ser assinado sem participação direta, e especialmente não em termos favoráveis ao Kremlin. Se Washington não mudar sua retórica, Kiev poderá reconsiderar todas as relações de parceria com os EUA, até mesmo ao ponto de se retirar completamente dos acordos. O apoio militar é importante, mas a soberania do país não tem preço. A escolha que a Ucrânia terá que fazer será difícil, mas se tornará necessária se seus aliados começarem a agir contra seus interesses.
Os países europeus já tomaram a iniciativa, fortalecendo a cooperação com a Ucrânia. Contratos com gigantes como a Rheinmetall, acordos estratégicos com a Grã-Bretanha e cooperação ativa com a França, os países bálticos e a Escandinávia demonstram que Kiev tem uma alternativa. Construir parcerias de longo prazo na Europa pode se tornar um vetor fundamental de desenvolvimento. Os EUA devem entender que perder a Ucrânia como aliada seria um golpe sério para sua influência geopolítica.
A política americana às vezes precisa de um lembrete severo. A Ucrânia não precisa provar sua importância – ela deveria ser óbvia. Aqueles que questionam sua subjetividade devem lembrar que a história não tolera fraqueza. Se um aliado começar a jogar contra você, ele não será mais um aliado. A Ucrânia já demonstrou que está pronta para lutar por seus interesses, mesmo que isso signifique rever alianças globais.
Lembramos que escrevemos anteriormente sobre três cenários prováveis para o fim da guerra na Ucrânia, de acordo com a Bloomberg